As quase quatro décadas de existência do Partido
dos Trabalhadores são motivo de destaque na vida política nacional. Na verdade,
a história do PT se confunde com a própria história da redemocratização do
Brasil e a sua participação decisiva neste processo.
Numa avaliação franca e direta podemos dizer que
tanto os acertos como os erros ocorridos durante a redemocratização do país
também se refletiram na vida partidária do PT. Para além disso temos no momento
atual de refletir e tomar decisões sobre o sério risco que corre a nossa jovem
democracia, devido ao autoritarismo, os desmandos e a supressão de direitos
praticados de maneira inescrupulosa pelo atual governo golpista e ilegítimo.
A experiência democrática vivida pelo Brasil nos
levou à Presidência da República pelos braços e votos do povo brasileiro por
quatro vezes consecutivas. E tais conquistas nos propiciaram realizar grandes
projetos nacionais em benefício dos mais pobres deste imenso país. Nunca é
demais relembrar que promovemos, através dos governos Lula e Dilma, o fim da
exclusão social para milhões de cidadãos e cidadãs brasileiras que sempre foram
postos à margem pelas elites. Uma vida mais digna para esta grande população de
excluídos somente foi possível com a criação do Bolsa Família, além de projetos
exitosos como o Minha Casa Minha Vida, que propiciou moradias dignas aos mais
pobres. Na educação e na saúde promovemos o acesso popular ao ensino superior,
algo impensável décadas atrás, e a extensão do atendimento médico às
comunidades carentes através de programas como o Mais Médicos e a ampliação das
especialidades pelo SUS. Só para citar algumas das muitas conquistas em 13 anos
de governos petistas.
Porém, lamentavelmente, o relevante legado dos
governos Lula e Dilma está virando pó. O país assiste, quase que impassível, o
fim de programas sociais importantíssimos que receberam destaque mundial, além
da ameaça diária aos direitos e avanços sociais alcançados desde 2003. Por
essas razões do ponto de vista dos projetos que foram avaliados interna e
externamente, o Brasil ganhou projeção e respeito no cenário internacional.
Por outro lado, as pretensões do governo ilegítimo
demonstram ser realmente uma ponte para o abismo. O tal ajuste fiscal baixado
pelo governo golpista tem se revelado apenas uma coisa para inglês ver, pois o
déficit está cada dia maior e a própria admissão do ministro da Fazenda de que
poderá haver aumento de impostos já demonstra o fracasso deste projeto
neoliberal. Some-se a isto os mais de 13 milhões de desempregados, além da
baixa da inflação forçada por uma recessão brutal jamais vista na história do
país e não pela queda dos preços dos produtos essenciais. Tudo isto tem levado
a uma profunda desconfiança neste desgoverno, tanto por parte do povo como de
setores empresariais que apoiaram o golpe. Para não falar da grave denúncia de
corrupção da Procuradoria Geral da República contra o presidente usurpador. O
Brasil perdeu a sua solidez econômica, implementada a partir do governo Lula e
elogiada pelas maiores lideranças mundiais.
Daí a tão esperada e urgente reinserção do PT no
cenário político brasileiro. Neste caso, o grande desafio para nós é
reorganizar nossas ações, em conjunto com as demais forças políticas e os
movimentos sociais, para retornarmos ao centro do poder, com o objetivo maior
de resgatar a democracia e o exercício da cidadania, hoje abalado pela ditadura
à paisana promovida por aqueles que derrubaram o governo Dilma e usurparam
cinicamente o poder.
Mas, para isso, é necessário olhar para dentro da
nossa organização partidária. Não é possível mais que petistas, dirigentes e
militantes, não se conscientizem da nossa missão principal que é servir sempre
ao Partido e não ser servidos por ele. Temos que defender os interesses e
objetivos do PT e não querer usar o Partido como instrumento para fazer valer
os nossos interesses e projetos pessoais e de grupos. Somos e devemos ser
soldados do Partido.
E isto vale também para os companheiros e
companheiras da nossa corrente, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Aqueles que
já fazem parte dela e os que estão chegando agora devem carregar consigo esta
consciência. A nossa corrente interna deve manter a sua posição de
centro-esquerda e contribuir de forma efetiva para a reorganização do PT. Do
contrário, é bom que se diga que temos no universo da política brasileira
dezenas de siglas partidárias que servirão muito bem aos propósitos daqueles
que não tem o senso de servir ao PT, mas sim se servir do PT.
Outro alerta oportuno que deve ser feito aqui diz
respeito a uma possível tentativa de diluição do PT em frentes amplas e
movimentos. O nosso partido é muito maior do que isto e já provou o seu poder
de mobilização em outras situações adversas. O zum-zum-zum mesquinho dentro do
próprio partido de que “o PT se tornou uma coisa sem futuro” deve ser abominado
por todos nós.
Gosto sempre de lembrar que tanto o PT quanto a CNB
são cada um de nós. Não existem e nem devem existir divindades com superpoderes
que decidam sobre os rumos a serem tomados, de maneira personalista e
autoritária. Passou a época de o Partido insistir em fazer uma gestão
verticalizada, chegou a hora de escutar a militância e definir as suas ações de
maneira horizontalizada. Precisamos também fazer uma profunda reflexão a
respeito dos erros ora cometidos para evitar que os mesmos se repitam, e assim
fazer com que o nosso partido volte a ter a credibilidade que foi perdida em
grande parte. Vale observar que nas interlocuções com a população e agora
confirmado pela pesquisa do Datafolha, o PT está reconquistando alguns pontos
no índice de simpatia partidária que já nos destacou em um passado recente,
quando chegou a ter 30% neste quesito. Também outra pesquisa do Datafolha
divulgada no início desta semana mostra que a população vem se identificando novamente
com as ideias políticas de esquerda.
É sempre bom deixar claro que nenhum de nós chegará
a dirigente, deputado/a, senador/a, governador/a e a Presidente da República se
não contar com a militância de um/a filiado/a que levanta a bandeira do Partido,
seja nas metrópoles ou nos grotões do Brasil.
A esperança em torno da reorganização da nossa ação
política se renova com a posse da primeira mulher presidenta da história do PT,
a combativa senadora Gleisi Hoffmann, e também dos novos membros do Diretório
Nacional que ocorrerá esta semana, que espero que seja um marco divisório entre
os momentos difíceis que estamos passando.
A esta direção legitimamente renovada caberá o
desafio de, com o apoio e a disposição da nossa sempre aguerrida militância,
coordenar as ações de maneira democrática, reorganizar o Partido e conduzi-lo à
vitória em 2018.
Vamos, juntos, continuar a construir um PT
democrático, combativo e vitorioso!
Abaixo o ódio e a intolerância em relação à política e entre brasileiros.
Francisco Rocha da Silva, Rochinha
Coordenador Nacional da CNB
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