Os desafios que temos que enfrentar...
Para estar à altura do povo brasileiro, do legado de nossos governos e da militância petista, esse é o desafio!
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VI Congresso do PT: os
desafios que temos que enfrentar
Em sua
reunião de setembro de 2016, foi apresentada e aprovada no Diretório Nacional
do PT a proposta de realizarmos em maio de 2017 o VI Congresso do PT, em
substituição ao Encontro Extraordinário do PT. Nessa mesma reunião, foi
aprovada a proposta de renovação de todas as direções partidárias no primeiro
semestre de 2017.
Somos um partido de
esquerda, democrático e de massas. Frente aos desafios que vivemos, em que a
contraofensiva conservadora no país nos impôs uma profunda derrota ao cassar o
legitimo mandato da Presidenta Dilma e, que, mais recentemente, tenta criminalizar um dos
maiores líderes populares da história brasileira, o Presidente Lula, é natural
e necessário um profundo balanço de nossa trajetória, erros e acertos, Ainda
mais importante, definir rumos estratégicos que nosso Partido deverá seguir no
novo período histórico que vivemos no país, na América Latina e no mundo. Recentemente
explicitamos essa nossa opinião sobre o então Encontro Extraordinário. Como diz o Presidente Lula: vamos reconstruir
a possibilidade de que as pessoas possam sonhar de novo.
A CNB, tendência interna
do PT, já vínhamos discutindo internamente a necessidade de , ao mesmo tempo em
que fazemos esse balanço e discussão das perspectivas estratégicas para o
futuro, fazer culminar esse processo com a eleição de novas direções
partidárias em todos os níveis, do zonal/municipal ao nacional. Esse é o
caminho natural em um partido de
esquerda: um processo de balanço e de
definições de nova estratégia deve ser seguido pela eleição de novas direções em todos o níveis.
Como agora trata-se de um
Congresso, que inclusive pode ter como pauta alterações organizativas e
estatutárias, desde que assim convocado e com a devida transparência, teremos a oportunidade e o dever de refletir e
debater sobre quais as mudanças organizativas que devemos fazer em nosso
Partido.
Temas tais como por
exemplo, aprofundar a participação dos/as filiados/as, aprofundar a democracia
interna combatendo os métodos de direção
pouco coletivos, criar novos mecanismos
e formas de participação e organização
junto a juventude brasileira para que se sinta atraída para a militância
partidária, tornar relevantes
internamente os debates que faz a intelectualidade progressista de nosso país,
combinar melhor a atuação institucional de nossos parlamentares e governos com a mobilização e organização do partido
desde a base, dentre outros.
O PT está organizado em
5.038 municípios brasileiros (3.948 Diretórios Municipais e 1.090 Comissões
Provisórias) o que representa 90% dos municípios brasileiros. De longe, é o
partido mais enraizado no país, e hoje possui 1.765.624 filiados. Apesar de todo o ataque e do
cerco midiático-judicial que vem sofrendo, o PT cresce em número de filiações.
Para se ter uma ideia da importância e força do PT, em 2015, ano
que o Partido sofreu o maior ataque, mais de 49.000 mil pessoas se filiaram ao
PT, contra 23.000 desfiliações e em 2016, até julho, 23 mil pessoas se filiaram
ao PT, enquanto, 9 mil se desfiliaram. Isto significa durante este período de
ataque para cada pessoa que
deixa o PT, duas entram no lugar.
Se já dizíamos que é esse
o conjunto do Partido que deveria ser
profundamente envolvido no debate do nosso Encontro Extraordinário, mais ainda
na realização do VI Congresso. Não será um momento qualquer, ou mais um
congresso partidário com baixa participação de uma militância aguerrida que vem
lutando contra o golpe, que se organiza
ao mesmo tempo para as disputas municipais, que luta em defesa de Lula e do
PT, tendo sempre no horizonte a
construção de uma nova sociedade.
Entretanto, não podemos
concordar com aqueles que, derrotados há quinze meses atrás no Congresso de
Salvador, venham outra vez re-colocar, e ao que parece, no centro do debate congressual , a questão
de se rever as Diretas do PT para
eleição das direções partidárias.
O que mudou nos últimos quinze meses que exija diminuir a participação direta
dos filiados na eleição das direções partidárias? Muito pelo contrário, para
enfrentar o golpismo presente na sociedade brasileira, é preciso mais
democracia, mais participação direta! Não é à toa que, em resposta ao golpe,
nosso partido unanimemente encampou a bandeira das Diretas Já.
Recuperando a história,
em 2005, primeiro ano das tentativas de
golpe contra o Governo Lula e contra o PT, foi a participação de cerca de 315
mil filiados nas Eleições Diretas do PT em novembro daquele ano que deu uma
vigorosa resposta de nossa militância àqueles que diziam querer “exterminar
nossa raça”. Em 2013, quando, para alguns articulistas da grande imprensa,
as mobilizações de junho colocavam em dúvida a capacidade de mobilização do
partido, mais de 420 mil pessoas participaram das Diretas do PT. Em 2017, os quase
2 milhões de filiados e filiadas do nosso partido com certeza darão a mesma
forte, corajosa e vigorosa resposta àqueles que querem criminalizar o PT,
querem cassar o registro partidário, querem impedir que Lula seja candidato.
Aliás, é bom lembrar que,
dos atuais 1.765.624 filiados , mais de 1.500.000 se filiaram de 2001 (inclusive) para cá, ano em que
realizamos as primeiras Eleições Diretas dentro do PT. O que dizer para 83% de
nossos filiados pós 2000 que agora eles não tem mais o direito de votar diretamente
nas suas direções?
Quando o PT realizou
as primeiras Diretas do PT , em 2001,
foi destaque em todos os partidos de esquerda do mundo. A concepção que está subjacente ao fim das
Diretas do PT é retirar o direito de
voto de um filiado ter o mesmo valor do voto do chamado capa preta . Hoje os filiados votam nas direções e presidentes locais, estaduais e nacional.
Com o fim das Diretas do PT, o filiado só votaria na sua direção local, ficando
a nobre tarefa de eleger a direção estadual aos iluminados do estado, e apenas os nobres, nobilíssimos ungidos escolheriam a direção e o presidente nacional.
Dessa maneira, teríamos 3 tipos de filiados: 1- aquele que só pode decidir o destino do PT no seu Município ;
2- os semi- iluminados que podem decidir no Município e no Estado, e 3-
a nobre casta que tem a sabedoria para decidir os/as dirigentes do PT em nível municipal, estadual e nacional.
Os defensores do Fim das
Diretas do PT argumentam que esse processo das diretas no PT dificulta a construção da uma necessária
unidade interna que devemos buscar, por que se cristalizariam as diferenças ao
longo do processo. De que unidade estamos falando? Os mais velhos devem
lembrar-se de como ocorriam os processos eleitorais congressuais do PT, com um
pequeno grupo de “caciques” das tendências enfurnado em alguma sala negociando
a chapa enquanto corria o debate no plenário do Congresso. É dessa unidade que
precisamos?
Como falar de unidade se,
quinze meses depois de um congresso,
especificamente convocado para isso , que reafirmou as Diretas no PT com cerca de 65% dos votos, reaparece o mesmíssimo
debate e mesmíssima proposta de Fim das Diretas do PT? Alguém tem dúvida de
que isso pode tornar-se o principal debate do PT nesse Congresso, deixando
de lado as importantes reflexões de balanço e definições de nova estratégia tão
necessários ao Partido?
A unidade de que
precisamos deve ser construída a partir do debate politico, do franco e
fraterno confronto de idéias ( e não confronto de pessoas ou cargos que ocupem),
não de um mecanismo artificial de construção de uma chapa para direção nas
salas escuras dos bastidores de um congresso onde se dividem os cargos e
posições. A unidade de que precisamos precisa ser construída no dia a dia no
partido em todos os níveis, superando o mandonismo,
o deslocamento do centro
decisório e o esvaziamento das instâncias partidárias. Esses métodos, aliás,
além da própria conjuntura complexa para a qual não se vê no horizonte nenhuma
resposta totalmente completa de nenhuma parte, são também responsáveis pelas dificuldades
das atuais direções.
A unidade de que
precisamos deve ser construída a partir de um debate aberto com a nossa
militância, aberto aos movimentos sociais, às organizações populares, à
intelectualidade, através de mecanismos de tribunas livres no site do PT, de
realização de etapas livres, de conferencias abertas com parceiros políticos de
outros países, com a participação de nossa militância no exterior e nossa
Fundação Partidária a FPA.
O PT inovou na esquerda mundial com a
construção de um partido de esquerda, socialista, de massas, com um projeto de
país e de sociedade que nos permitiu , nos últimos 13
anos, liderar no país a implementação de um projeto democrático-popular cujos números
espetaculares atraíram olhares de lideranças e pensadores em todo o mundo.
Um partido que se abre a
qualquer brasileiro ou brasileira que a
ele se filie, aderindo ao seu programa e estatutos, e que queira contribuir com a construção do partido e de um
novo país: homens e mulheres, brancos e não brancos, jovens e adultos, gente do
povo que não precisa de uma expressiva conta bancária ou uma família abastada
para ter cidadania política e participação nos rumos de seu bairro, cidade,
estado ou país. Um partido politico que fez história ao aprovar a paridade de gênero, as cotas étnico- raciais e de
jovens, num claro e decisivo movimento
de resgate e compensação frente à triste herança misógina, escravagista e autoritária do país, garantindo-lhes espaços de poder no Partido. Um partido que se nutre dos movimentos sociais
e populares sem querer que sejam sua correia de transmissão, ou sua “frente de massas”, dirigido por uma
direção plenipotenciária eleita em um
congresso plenipotenciário.
Com a responsabilidade que temos como direção partidária desse
grande partido, que liderou um governo que tirou 40 milhões de pessoas da
miséria, que colocou o Brasil no protagonismo da cena mundial, não tememos o
debate ou o confronto de ideias, mas
tampouco concordamos que esse
congresso se transforme em um ajuste interno de contas fratricida e desagregador , cujo principal debate é o
mesmo de 15 meses atrás, como se não tivéssemos um golpe e um governo
neoliberal a combater.
Para estar à altura do
povo brasileiro, do legado de nossos governos e da militância petista, esse é o
desafio!
Diretas Já! Nenhum Direito a Menos!
Fora Temer!
Jorge Coelho e Monica Valente
(militantes da CUT e do PT , atuais membros da CEN/PT)
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