Companheiros e companheiras,
É com muita alegria que saúdo todos os delegados e delegadas
participantes desta segunda etapa do 5º Congresso do Partido
dos
Trabalhadores, realizada em Salvador, Bahia.
O motivo de escrever o presente documento se deve à minha
ausência neste 5º Congresso do PT, por razões de caráter
pessoal.
Esclareço também que esta Carta não é direcionada apenas aos
delegados e delegadas de uma só tendência, mas peço licença
às
delegações que fazem parte de todas as chapas para dirigi-la
ao
conjunto dos participantes deste evento.
O Congresso do PT, por ser a instância de deliberação máxima
do
Partido, é o momento ideal para se fazer reflexões, discutir
e deliberar
sobre temas pertinentes da atual conjuntura, sejam relativos
à questão
da crise mundial e os seus reflexos por aqui, ou referentes
a questões
conjunturais internas voltadas para o Brasil, o PT, o
governo e a
política.
O mundo vive uma grave crise desde os anos 2008/2009, que
traz
consequências muito graves e atinge especialmente o mundo do
emprego e dos salários, além de criar uma onda migratória
jamais
vista. A humanidade se encontra sem rumo, aonde milhares de
pessoas deixam para trás as suas raízes e procuram de forma
desesperada uma oportunidade de sobrevivência em outros
países. O
Oriente Médio vive uma enorme instabilidade política
provocada por
intermináveis guerras religiosas e conflitos políticos. O
irônico é que
quando o Ocidente achava que aquela região poderia se
transformar
em uma profusão de estados democráticos, o resultado foi
exatamente
o contrário, pois continua a prevalecer ali os extremos da
radicalização, em parte por culpa da intervenção bélica
ocidental.
A Europa, praticamente há uma década, não tem estabilidade
do
ponto de vista do desenvolvimento econômico. Em vários
países, que
antes eram exemplos de bem estar social, hoje o desemprego
beira a
linha do absurdo, como se vê na Espanha, Grécia e em parte
Portugal,
entre outros. Os Estados Unidos, apesar de ter a moeda mais
forte do
mundo e uma sólida estrutura econômica, também vive um vai e
vem
de médio a baixo crescimento, muito aquém daquilo que muitos
economistas previram.
Por outro lado temos os BRICS, com a China sendo a mola
mestra
para segurar a economia mundial, seguida pela India, e onde
os cinco
países tem dado exemplos significativos de resistência a
esta crise
persistente. O Brasil teve avanços extremamente
significativos na área
social e até mesmo no campo econômico, mas nos últimos
tempos
vivemos um reflexo bastante forte da crise do capitalismo,
mas mesmo
assim bem diferente daquilo que apregoam os defensores do
“quanto
pior, melhor”. O país vai se sustentando na média dos poucos
países
do mundo onde o índice de desemprego é dos mais baixos entre
as
grandes economias.
Quero aqui chamar a atenção dos delegados e delegadas que,
em se
tratando da conjuntura nacional, é muito importante que o
governo e o
PT se atentem para assuntos que são mais pertinentes em
relação à
sensibilidade humana. Toco aqui nas questões da garantia do
emprego formal com carteira assinada, na recuperação dos
salários,
do controle da inflação, dos investimentos na saúde e na
educação, na
questão da segurança pública em que deve priorizar acordos
com os
entres federativos, a questão da moradia e de avançar cada
vez mais
no combate à miséria. Isso do ponto de vista das políticas
sociais.
Do ponto de vista da nossa economia, é muito importante
trabalhar as
questões estruturantes do País, sobretudo na
desburocratização para
a gestão, além de resolver questões fundamentais na área da
infraestrutura e dos transportes, como os investimentos nos
portos,
ferrovias, rodovias e hidrovias. Para isso, é fundamental
que se
aumente a arrecadação, mas que se evite tributar bens
essenciais que
atingem diretamente o abastecimento, medicamentos, materiais
para a
construção de moradias e outros itens, além de ser
necessário taxar
as grandes fortunas, especialmente as já declaradas no
imposto de
renda, e taxar as grandes heranças. É inconcebível que em 12
anos
de governo, por razões inexplicáveis, até hoje não foi
enviado para o
Congresso Nacional nenhum projeto de lei ou medida
provisória sobre
tais questões, até mesmo para se conhecer quem é a favor ou
contra.
Com relação à reforma política reafirmo aqui o que escrevi
em um
artigo intitulado “Reforma política e eleitoral em andamento
no
Congresso é um remendo do remendo” e publicado no blog
No que toca às questões internas do PT reafirmo que são problemas
que cabem a cada petista fazer uma reflexão ou autocrítica
do seu
próprio comportamento ou desempenho como filiado/a. Se
existem
crises no Partido, são crises criadas por pessoas, pois as
instâncias
são conduzidas e administradas por seres humanos. Não
adianta
procurar chifre em cabeça de cavalo ou listar bodes
expiatórios
quando a culpa pelos problemas é somente nossa.
Por essas e outras razões que eu defendo enfaticamente a
manutenção do PED (Processo de Eleição Direta) e a
representação
das cotas em todas as instâncias partidárias. Mas é preciso
que as
deliberações do 5º Encontro sejam cabíveis de aplicação,
discutidas e
aprovadas com os pés no chão, com racionalidade e não
simplesmente pela emoção. Me refiro aqui a boa parte do que
foi
aprovado no 4º Congresso do PT, aonde valeram as boas
intenções,
mas na prática não foi possível de se aplicar as
deliberações às
operações.
Do ponto de vista do governo quero deixar claro que não
existe
separação entre o Partido e o Governo. Independentemente de
acertos e erros somos o mesmo corpo e estamos no mesmo
barco. É
um direito de qualquer filiado apoiar, criticar e discordar
das ações do
Partido e/ou do Governo, mas é preciso ter um ponto de
equilíbrio
para entender que se chegamos ao governo foi através do PT.
No que toca à questão do ajuste fiscal, todo e qualquer
partido de
esquerda se sentiria e se sente incomodado com as decisões
que
precisaram ser tomadas. Isso faz parte do ofício de um
partido ser
governo. Sempre é bom lembrar que o governo Lula também teve
os
seus momentos de ajustes que foram alvos de críticas de
vários
petistas, mas nós superamos aqueles momentos de conflito e o
presidente Lula saiu do governo com uma aprovação popular de
mais
de 80%. E eu espero sinceramente que o mesmo ocorra com a
presidenta Dilma. Inclusive os personagens da economia eram
praticamente os mesmos, a única diferença é que estavam sob
o
comando do então ministro Antônio Palocci.
Nenhuma tendência interna do PT pode se arvorar em criticar
exageradamente o ajuste fiscal porque todos nós, com raras
exceções, estamos presentes no Partido e no Governo. Então,
todos
nós temos telhado de vidro e não cabe a ninguém atirar a
primeira
pedra. O momento é delicado e a fúria dos adversários tem o
claro
objetivo de aniquilar com o PT e com o governo. Na minha
opinião, o
que está em jogo tem um alvo: o ex-presidente Lula e as
eleições de
2018.
Nestes últimos anos nós passamos por situações difíceis, mas
vivemos grandes alegrias, dentre elas ter tirado da pobreza
extrema
mais de 30 milhões de brasileiros e ter elevado essas
pessoas à real
condição de cidadãos; avançamos significativamente na
questão do
emprego formal, concedemos aumentos significativos ao
salário
mínimo e temos hoje um país reconhecido mundialmente por ter
saído
do atraso e ter conquistado tantos avanços em tão pouco
tempo.
Citando o grande compositor Paulo Vanzolini em seu memorável
samba “Volta por cima”, eu finalizo dizendo que cabe a todos
nós,
petistas, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Viva o Brasil! Viva o PT! Viva o 5º Congresso e os petistas!
Salvador, Bahia, de 11 a 13 de junho de 2015
Francisco Rocha da Silva, Rochinha
Muito bom! Concordo!
ResponderExcluirExcelente,concordo plenamente.Saudações Petistas
ResponderExcluirComungo de tua opinião, a hora é de união. Agressões, bastam as externas e não são poucas...
ResponderExcluirPresenciei acusações de conivência. Não há mais o que alegar. Acabou, é o fim. Erros devem ser reconhecidos e precisa se fazer isso publicamente. Fingir que "não é com a gente" só piora, é um erro ainda maior...
ExcluirReclamações pertinentes. Mas não se reclama de nada quando se é o responsável único por tal fato....
ResponderExcluirAjustar Para Avançar na Revoluçao Socialista em Curso no Pais. PT, Construindo um Novo Brasil.
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