Por Francisco Rocha "Rochinha" e Joaquim Cartaxo
Na Europa e Estados
Unidos, a falência do modelo neoliberal provocou uma crise social inimaginável,
marcada por alto índices de desemprego, revoltas populares e movimentos de
extrema direita. Destaque-se na crise europeia, a taxa média de desemprego em
torno de 25%, em que os jovens são perversamente atingidos; no Brasil essa taxa
é de 5%, considerado um percentual de pleno emprego.
Na América Latina, partidos
de esquerda assumiram vários governos, romperam com a cartilha neoliberal,
reorganizaram o Estado, investiram prioritariamente em políticas sociais e os
resultados atestam o acerto dessa mudança, apesar das dificuldades
socioeconômicas e dos enfrentamentos políticos com as forças conservadoras
resistentes ao rompimento com o neoliberalismo.
Todos lembram –
embora alguns prefiram esquecer – como foram difíceis o início do primeiro
mandato do presidente Lula, que herdou um país quebrado pelos governos
neoliberais: desemprego batendo recordes; inflação, dólar e juros disparando, sem
crédito no exterior; indústria paralisada, especulação mandando na economia,
máquina pública sucateada; ação limitada do Estado no combate às muitas e
históricas carências nacionais.
Superamos estas e
outras dificuldades. Consertamos a casa, restabelecemos o emprego, valorizamos
os salários, combatemos como nunca as desigualdades, fizemos do Brasil um país
mais justo e soberano. Também, demos início a um inédito ciclo de crescimento econômico
com geração de emprego e distribuição de renda, mudando radicalmente a base da
pirâmide social; produzimos políticas públicas em parceria com movimentos
sociais, valorizando e ampliando mecanismos democráticos de debates e
deliberações.
10 anos depois, o
país melhorou e tem rumo porque enfrentamos os desafios de fortalecer o Estado,
apostar na força do nosso mercado interno e, sobretudo, priorizar a inclusão socioeconômica
de milhões de brasileiros e brasileiras. Os resultados dessa política realizada
com desafios são indiscutíveis: geração de 19 milhões de empregos e ascensão de
40 milhões de pessoas às classes de renda C e D.
Desafios que ainda
são enormes, diante de uma crise internacional que teima em não acabar, mas o
Brasil a enfrenta com políticas de ampliação de investimentos, obtendo
resultados que são reconhecidos positivamente por organismos internacionais; no
âmbito interno do país, há o compromisso de continuar avançando, aprofundando
as transformações, já que, apesar de tudo o que fizemos, e não foi pouco, ainda
há muito a realizar.
Qual nosso maior
desafio? A política.
Nos últimos anos, aperfeiçoamos
a democracia, elegemos e reelegemos Lula, um operário presidente da República;
elegemos Dilma para sucedê-lo e, pela primeira vez, na história do Brasil uma
mulher comanda os destinos do país. São vitórias do PT, da esquerda e toda a
sociedade brasileira, que está mais madura.
O governo da
presidenta Dilma tem projetos e propostas para o país que avançam sustentados
nas bases socioeconômicas construídas pelos governos do presidente Lula. Entretanto,
sublinhe-se: só boa gestão não basta. Junto devem vir a política e a eficiência
da comunicação com as massas.
Assim sendo, é
fundamental encarar com determinação o tema da democratização das comunicações,
trabalhando para garantir a diversidade de opinião e o fim dos monopólios da
mídia; da mesma forma, uma reforma política que molde um sistema de
representação no qual a população possa participar mais das decisões, bem como que
os governos e parlamentares cumpram seus mandatos realizando os projetos
apresentados e discutidos nas eleições. Para tanto, é necessário o
fortalecimento dos partidos, a formação de maiorias parlamentares programáticas
e diminuição da influência do poder econômico no jogo político.
A direção
nacional do PT aprovou a Campanha Nacional de Mobilização pela Reforma Política
que pretende recolher 1,5 milhão de assinaturas para o projeto de iniciativa
popular a ser encaminhado ao Congresso Nacional e cujos pontos prioritários
são: financiamento público exclusivo de campanhas, voto em lista preordenada, aumento
da participação popular e a maior participação das mulheres na vida pública.
Principal partido de
sustentação do governo e do projeto democrático e popular, o PT, além da obrigação
de manter-se unido e coeso, precisa desenvolver ações que reforcem nossos
vínculos históricos com os movimentos sociais e estreitem relações políticas
com as classes médias emergentes que estão conformando a nova realidade
brasileira em termos de demandas e valores socioculturais.
Para alcançar os
objetivos dessas ações, o PT precisa melhorar sua comunicação interna e com a
sociedade, associá-la à comunicação das ações de seus governos, de seus
parlamentares e da militância num amplo movimento integrado de fortalecimento
do PT.
A continuidade do
projeto que mudou para melhor a vida de milhões de brasileiros, e que
continuará mudando, depende de nossa capacidade de articular a política com
base em desafios, compreender as mudanças passadas, presentes e as que estão
por vir e de nos precavermos e desviarmos das armadilhas de percurso que são
cotidianas, à direita e à esquerda, no campo da disputa por hegemonia de
projeto na sociedade.
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