O Manifesto da Articulação dos 113 completa 30 anos do seu lançamento. É importante lembrar a atual geração de filiados e filiadas que este foi, já na fundação do partido, um movimento interno com a intenção de captar e discutir as mais diversas leituras sobre a conjuntura e o PT.
Exatamente no ano de 1983, era um movimento pluralista cujo manifesto, o qual divulgo agora, mostra para todos que aqui se faz a história. Nos reuníamos em porão de um velho sobrado na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros.
Junto com o Manifesto divulgo uma gravura que ganhei do companheiro Henfil na data do lançamento do Manifesto, daqui a poucos dias divulgarei a lista dos signatários e até o mês de julho, contarei algumas passagens de importância política sobre a Articulação dos 113. Divirtam-se.
Gravura feita pelo Henfil na ocasião do lançamento do manifesto.
Companheiros
do PT,
Estamos
convencidos que o PT vive, hoje, um momento muito difícil, mas não aquela crise
que os seus inimigos apregoam. Diante disso, resolvemos nos articular para uma
intervenção coletiva na vida do nosso partido. Estamos, nesse momento, diante
da importante tarefa da renovação das direções partidárias.
Reconhecemos
as dificuldades que vivem, decorrentes 1º dos desacertos das nossas direções na
aplicação da linha de construção partidária, e 2º da ofensiva externa, daqueles
que são contra, e interna, daqueles que não acreditam que os trabalhadores são
capazes de se organizarem como força política autônoma em nosso país.
No
entanto, reafirmamos, nesse momento, a vigorosa vontade de milhares de
militantes que, apoiados no reconhecimento da necessidade histórica do PT,
querem fazer do Partido um dos instrumentos dos trabalhadores construírem uma
sociedade socialista, onde não haja explorados nem exploradores.
Defendemos,
assim, o PT como partido de massas, de lutas e democrático. Combatemos, por
isso, as posições que, por um lado, tentam diluí-lo numa frente oposicionista
liberal, como o PMBD, de ação predominantemente parlamentar-institucional; ou
que se deixam seduzir por uma proposta “socialista” sem trabalhadores, como o
PDT. Também combatemos aqueles que, incapazes de traduzir nosso papel em termos
de uma efetiva política de organização e acumulação de forças, se encerram numa
proposta de partido vanguardista tradicional, que se auto-nomeia representante
da classe trabalhadora. Por outras palavras, somos contra tanto o comportamento
individualista daqueles que acreditam não ser necessário ouvir o Partido e que,
por conta própria, avançam propostas conciliadoras, como aqueles que, também não
se submetendo a democracia interna do PT, subordinam-se a comandos paralelos e
priorizam a divulgação das suas posições políticas, em detrimento daquelas do
próprio Partido.
Ao
contrário desses “iluminados”, não temos respostas para todos os problemas do
PT. Nem temos a receita infalível para superar a crise econômica do país, para
vencer a ditadura e para chegar ao poder.
O
que pretendemos, ao detonar o amplo processo do debate democrático - que
subsidiaremos com alguns documentos de produção coletiva a serem amplamente
distribuídos - é contribuir para que os próprios militantes, filiados e
simpatizantes do PT possam elaborar coletivamente diretrizes claras, capazes
não apenas de orientar a nossa prática cotidiana e a da direção renovada, mas,
sobretudo, de auxiliarem o avanço e a unificação política dos movimentos dos
trabalhadores.
Entendemos
assim, que cabe ao PT nesse momento:
1.
Lutar contra a tentativa do regime de estabelecer uma política de trégua e de
conciliação, assim como lutar contra o estabelecimento, por forças que se dizem
de oposição, de um pacto social que visa ao isolamento dos trabalhadores.
Entendemos que tais propostas buscam, tão somente, fazer novamente a classe
trabalhadora apagar os custos da crise econômica e social;
1.
Responder a esta conciliação e a este pacto com a mobilização de todas aquelas
forças sociais exploradas que estão dispostas a lutar pelas numerosas
reivindicações abrigadas pelo lema TRABALHO, TERRA E LIBERDADE;
1.
Cumprir concretamente nosso papel como partido de massa:
1.
Militando intensamente nos movimentos populares, sindicais, raciais, culturais
e das chamadas minorias, contribuindo com propostas concretas para a condução
de suas lutas, respeitada a sua autonomia;
2.
Aplicando nossas propostas de filiação e nucleação intensivas, a fim de que as
mais amplas camadas de explorados possam participar da construção do PT e da
aplicação da sua política; e.
3.
Executando uma política ativa de formação política e cultural dos militantes;
4.
Para levar à prática as propostas acima, achamos que também são necessários
alguns passos relacionados com a estrutura e a democracia interna do Partido:
D.1
- Revalorizar o papel dos núcleos como instância de reflexão e deliberação;
D.2
- Imprimir-lhes uma dinâmica, sobretudo, direcionada para a atuação dos
movimentos sociais e não apenas para a vida interna do partido;
D.3
- Estabelecer critérios políticos claros para a escolha das direções
partidárias e dos parlamentares;
D.4
- Estabelecer, também, critérios claros para a participação das bases nas
decisões partidárias;
D.5
- Descentralizar a estrutura organizacional e financeira do partido, alcançando
todas as nossas bases, seja na capital, seja no interior do Estado;
D.6
- Criar uma imprensa partidária ágil e amplo fluxo de informações, que atinja o
conjunto do Partido; enfim, abrir todos os canais possíveis para consolidação
da democracia interna do Partido dos Trabalhadores.
Comprometidos,
portanto, com esses princípios, nós, abaixo-assinados, militantes de diversas
regiões, setores e instâncias do PT, convocamos a todos os companheiros que
concordam com essas posições a apoiarem e a participarem deste projeto que se
inspira nas idéias originárias do nosso Partido.
É necessário concessões de rádio ou de acordo com o anseio local devendo revisar as concessões que foram conseguidas usando meios indevidos .
ResponderExcluirde acordo! A democratização dos meios de comunicação é urgente e necessária. O marco regulatório precisa ser debatido e avançar no país.
ExcluirPrecisamos para tal, combater e sair dessa "ditadura" e das tentativas de silenciamento que estão gerando medo na população brasileira.
Qual a nominata dos 113?
ResponderExcluir