É na cidade
que se produz a ação política. É lá que a população vive; é lá que estão os
problemas à espera de solução imediata.
O PT tem a
obrigação de politizar o processo para que a população faça suas opções de
maneira consciente – rompendo com o clientelismo, a compra de votos, as falsas
promessas e o voto de cabresto.
O PT tem
milhões de filiados, militantes e simpatizantes que, sem dúvida, serão capazes
de produzir essa discussão, dos grandes centros às pequenas e médias cidades.
Certamente
teremos momentos muito difíceis nestas eleições, como sempre. Se, no plano
nacional, a oposição está aparentemente enfraquecida, nos Estados e municípios
ela continua viva e forte. Mas podemos superar este e outros obstáculos, desde
que a militância sinta firmeza no projeto e nos candidatos – e não tenha
vergonha de defender nossas propostas e de desfraldar a bandeira vermelha e
branca em qualquer ponto do Brasil.
A disputa pelo
voto, no caso do PT, não pode ser feita por contingentes de cabos eleitorais ao
estilo da velha tradição política – em que vale mais o interesse imediato do que
a convicção política e ideológica.
São 32 anos de
luta. Foi pelo trabalho de todos os petistas, na maioria anônimos, que chegamos
até aqui. Não tenho dúvida de que, sem a força e a participação da militância,
nem Lula nem Dilma teriam alcançado a Presidência da República.
Por isso,
enganam-se os que pensam, pretensiosamente, que seus projetos e suas relações
pessoais são superiores à força do partido (quando falo em “relações pessoais”,
acho que não preciso citar nomes...).
Enganam-se
também os que acham que a militância, forjada nas mais diversas formas de luta,
esteja disposta a alimentar os que trabalham pela fragmentação e pela divisão
do PT.
Nesse sentido,
é imprescindível respeitar a direção partidária como força condutora do
processo. Sem isso, multiplicam-se os cenários em que lideranças locais
terminam correndo atrás de supostas tábuas de salvação – quase sempre com
resultados ruins para o partido e mesmo para seus projetos pessoais.
É bom lembrar
que nosso maior exemplo de valorização partidária vem de ninguém menos do que o
companheiro Lula. Mesmo tendo a seu favor a popularidade, o carisma e a força
do convencimento, Lula nunca transgrediu as regras e as decisões do PT.
Quero encerrar
repetindo trechos de artigo escrito e publicado por mim em fevereiro, em que eu
alertava para os perigos dos projetos excessivamente individuais. Infelizmente,
o que escrevi lá atrás continua atualíssimo. Sugiro que leiam novamente:
O PT é um partido extremamente
democrático, onde todas as principais questões são debatidas, encaminhadas e
votadas na base, o que inclui a definição de candidaturas para as eleições
regulares. A disputa interna é tão legítima quanto saudável, porque ajuda a
oxigenar o partido. Mas há limites. Ela não pode comprometer o projeto coletivo
nem atender a interesses exclusivamente pessoais.
Da mesma maneira, é importante manter a
boa convivência com os companheiros da base aliada do governo Dilma. Repito: o
PT tem projeto nacional e não pode ficar refém de caciques e interesses
regionais menores.
Sair fortalecido das eleições de 2012 é
condição fundamental para um bom desempenho em 2014 e para a continuidade do
processo de mudanças iniciado por Lula em 2003.
Ao invés de nos perdermos em disputas
internas que não levam a lugar algum, deveríamos ocupar nosso tempo e nossa
capacidade política para formular programas de governo que inovem na política
local e que fortaleçam as parcerias com as grandes ações do governo da
presidenta Dilma em cada município.
Já passamos dos 30. Está na hora de ter
maturidade e humildade para entender os limites de nossa ação política e
priorizar os objetivos maiores do partido e do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário