Em três décadas de
existência, o PT tem demonstrado vitalidade para enfrentar e superar os desafios que se colocam
diante do partido, seja na organização interna, seja no contexto maior da
construção da democracia no país.
Estamos agora diante do
desafio da renovação, da abertura para as novas gerações. Por mais importantes
que tenham sido e ainda sejam aqueles que, como eu, estão nessa briga desde o
início, não se pode negar o fato de que as pessoas (e às vezes também as
ideias) envelhecem.
Bandeiras e convicções
históricas, aquelas que nos identificam e fortalecem, devem sempre ser
reafirmadas. Mas é preciso investir em novos quadros, descobrir novas
perspectivas, apostar em novos sonhos, trazer efetivamente ao debate quem está
chegando agora, para que o partido, este sim, não envelheça, para que continue
antenado com os anseios da sociedade brasileira, uma sociedade em permanente
transformação, sobretudo após os oito anos de governo no presidente Lula.
Nosso 4º congresso
extraordinário, realizado em setembro, mostrou que o conjunto do PT, de suas
lideranças e de suas bases, está consciente deste desafio, aprovando reformas
internas que, para a realidade política brasileira, podem ser consideradas
revolucionárias. A principal delas, em minha opinião, foi o estabelecimento da
chamada cota geracional para as instâncias decisórias do partido – o que
garantiu a participação de 20% de jovens entre 16 e 29 anos em todos os níveis
de direção.
Um grande avanço. Mas
este é um desafio de mão dupla, porque passa também pelo amadurecimento
político de uma garota que, até aqui, tem gasto energia excessiva em disputas
horizontais, dentro dos espaços próprios da juventude, principalmente, como não
poderia deixar de ser, no movimento estudantil.
É hora de os jovens do PT
começarem a alargar seus horizontes –para conduzir o partido de fato e também
para ampliar o diálogo com parcelas importantes da juventude brasileiraque se
identificam com nosso projeto geral, mas não se reconhecem no dia-a-dia da
militância partidária ou da intervenção política organizada. Entre estes estão
os trabalhadores das fábricas, do comércio e do campo, ligados ou não a
entidades como CUT, Contag,Fetraf, MST e outros.
Com grande satisfação,
vejo que esse movimento já começa a acontecer. Três meses depois do congresso
do partido e às vésperas do 2º Congresso da JPT, que vai definir a nova direção
da secretaria, os jovens da corrente que ajudo a organizar, a CNB, deram uma
grande prova de amadurecimento político ao escolher seu candidato por consenso,
após um longo processo de debate, diálogo e, sobretudo, respeito entre as
pessoas e grupos em disputa.
Numa democracia
amadurecida, é essencial que os atores reconheçam a legitimidade dos diferentes
interesses em jogo. Dentro do mesmo campo político (como é o caso de todos os
que militam no PT), o ideal é que se busque sempre o máximo de consenso,
fortalecendo a unidade e guardandoas energias para queimá-lasno embate maior
com as demais forças sociais e políticas do país.
Faço votos para que,
durante o 2º congresso da JPT, que começa no sábado, dia 12, todasas correntes
internas do partido e seus delegados, eleitos democraticamente nas bases,
caminhem no sentido de um amplo entendimento, de maneira que a juventude do PT
saia do processo ainda mais fortalecida, em condições de dar conta do desafio
histórico colocado diante dela, qual seja: tomar o leme do partido, segurá-lo
com firmeza e trabalhar para que o Brasil siga avançando no rumo iniciado por
aqueles que, como eu, daqui a pouco estarão se aposentando.
Que as discussões do
encontro sejam pautadas por temas de abrangência nacional, com conteúdo
político e programático.
A todos e todas, desejo
um bom congresso.
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